quarta-feira, 12 de setembro de 2012

A Morte de Yamamoto - 1945

Das potências do Eixo (Alemanha, Itália e Japão) o Japão foi o único que atacou o território americano e o atacou da forma mais covarde. Mesmo tendo decidido derrotar primeiro a Alemanha, os americanos reservaram para os nipônicos a sua reserva de vinganças, pelo o que eles fizeram em Pearl Harbor, no dia 7 de Dezembro de 1941, que ficou conhecido nos EUA como o Dia da Infâmia. Entre algumas vinganças perpetradas pelos americanos podemos citar:
- O ataque simbólico a Tóquio realizado pelo Coronel Doolitle e seus B-25, que realizou a incrível proeza de fazer decolar os seus bombardeiros do convés de 145 metros do porta-aviões Hornet. Mas, na manhã de 18 de abril de 1942, quatro meses após o ataque a Pearl Harbor, 16 bombardeiros decolaram, oito foram para Tóquio, lançaram suas bombas, algumas bem próximas do palácio Imperial, e, regressaram para a China e para a fronteira com a URSS. Uma tripulação caiu em território japonês. Os homens foram julgados como criminosos de guerra e fuzilados. Os responsáveis pela defesa aérea de Tóquio, humilhados, se suicidaram. Era a primeira vingança. - A bomba de Nagasaki foi para muitos um excesso indefensável. Se o bombardeio atômico de Hiroshima já é discutível, o ataque nuclear a Nagasaki, para os mesmos obsevadores da guerra, não passou de mais uma vingança. As forças japoneses já estavam a um passo do colapso, a bomba foi uma crueldade.
- Mas entre o ataque de Doolitle a Tóquio e as bombas atômicas, ocorreu um episódio que foi mantido em segredo durante a guerra e que é classificado por muitos como mais uma vingança americana ao ataque a Pearl Harbor: A execução do almirante Yamamoto, o cérebro e o comandante do ataque japonês de 7 de Dezembro. Este ultra-secreto ataque ocorreu assim...:
Os americanos já haviam conseguido decifrar o principal código secreto da Marinha Imperial japonesa e na manhã de 14 de Abril foi interceptada a mensagem que especificava os trajetos e os horários da visita de inspeção do Almirante Yamamoto à região de Bougainville, a nordeste de Papua ¾ Nova Guiné. Profundos estudiosos das personalidades de seus principais inimigos, os americanos sabiam que Yamamoto era de uma pontualidade ímpar.
O Almirante Halsey, comandante das unidades aéreas e navais do sul do Pacífico, recebeu do chefe de seu G-2 o plano de uma viagem de inspeção do comandante-chefe japonês do Pacífico Sul. Partindo de Rabaul, Yamamoto devia visitar as bases aeronavais da região do Buin. Nunca o Almirante japonês havia chegado tão perto de seu alcance. Seu avião deveria sobrevoar Kaihili a 18 de abril, às 9h35. Os americanos planejaram chegar ao encontro ao mesmo tempo que ele. Um escrúpulo fê-los hesitar. Era boa tática utilizar uma vantagem clandestina para desfazer-se de um grande chefe inimigo? Era uma emboscada pelas leis da guerra, ou uma armadilha? Halsey consultou o Almirante Chester W. Nimitz. Nimitz perguntou a seus especialistas se eles achavam que o desaparecimento de Yamamoto enfraqueceria o Japão. Os especialistas responderam afirmativamente. O Grande-Almirante havia-se mostrado hostil a uma guerra contra os Estados Unidos, mas, não havendo podido impedi-la, fazia-a com talento e energia. Era o autor do plano de ataque contra Pearl Harbor, e nem a derrota de Midway nem o abandono de Guadalcanal o haviam qualificado como um desses capitães que um inimigo inteligentes tem interesse em conservar. Esse testemunho de suas qualidades foi a sentença de morte do Almirante Yamamoto.
Yamamoto decolaria de Rabaul, na Ilha de Nova Bretanha, no dia 18 de abril às 6 horas da manhã, hora de Tóquio. Viajaria a bordo de um bombardeiro médio escoltado por seis aviões de caça. Seu destino era a base de Buin, com escalas em Ballale e nas Ilhas Shortland. De acordo com os cálculos americanos, caso Yamamoto decolasse no horário previsto, coisa tida como certa pela Inteligência Naval Americana, sua aeronave estaria, às 9:35, hora local a exatos 55 km do campo de Kahili, no litoral oriental de Bougainville.

O campo de pouso americano mais próximo dessa região era o de Henderson Field, na Ilha deGuadalcanal, que abrigava diversas unidades aéreas americanas equipadas com Grumman F4F Wildcat, F4U Corsair e Lockheed P-38F Lightning, estes pertencentes ao 339th Fighter Squadron da 13ª. Força Aérea da USAAF. Após prolongada deliberação e a contragosto dos pilotos navais, concluiu-se que a única aeronave com alcance suficiente para executar a missão eram os Lightning do Exército. Sendo assim foi expedida a seguinte mensagem:
“Washington, 17-4-43 - 15h35. Altamente Secreto: Secretaria da marinha ao Controle de Caças Henderson. O Almirante Yamamoto, acompanhado do Chefe do Estado-Maior e sete oficiais generais da Marinha Imperial, entre eles o cirurgião chefe da grande frota, partiu de Truk, às 8 horas desta manhã, por via aérea, em inspeção das bases de Bougainville. O Almirante e sua comitiva viajarão nos Sally, escoltados por seis Zeke. Escolta e honra, provavelmente procedente de Kahili, com itinerário previsto de Rabaul Bucka às 16h30. O almirante pernoitará em Bucka e regressará ao amanhecer rumo a Kahili, estando a aterragem prevista para 9h45. Em seguida, o almirante embarcará numa caça-submarino em Balalle para inspeções de unidades navais, sob o comando do Almirante Tanaka. Esquadrão 339. Repito: 3,3,9, P-38 deve de qualquer maneira, esperar e destruir Yamamoto e seu Estado-Maior, na manhã de 18 de abril. Tanques suplementares, instruções e dados do tempo chegarão a 17 d abril à noite de Port Moresby. Informações acentuam a extrema pontualidade do Almirante Yamamoto. O Presidente confere grande importância a esta missão, cujos resultados deverão ser comunicados a Washington. Frank Knox. Secretário de Estado da Marinha. Documento ultra-secreto, que não deve ser copiado, nem arquivado, mas, destruído depois da execução”.
O dia 18 de abril em Henderson amanheceu com os roncos dos motores. Às 7:10 hora local, decolaram 18 P-38F,MAJ. MITCHELL e CAP. LANPHIER sobre o comando do Major John W. Mitchell, para dar início à caçada. Mal começara a missão e uma das aeronaves fora obrigada a abortar quando furou o pneu na corrida de decolagem. Era justamente um dos aviões designados para a interceptação propriamente dita, uma vez que o plano americano previa quatro aeronaves para realizar o ataque, enquanto as outras 14 forneceria cobertura aérea. Pouco depois, outro integrante da esquadrilha foi forçado a abandonar a missão devido à dificuldade em transferir combustível dos tanques subalares para os principais. Não obstante as duas perdas, a esquadrilha prosseguiu em vôo rasante rumo ao ponto de encontro a 680 quilômetros dali.
Em vez de voarem a distância mais curta entre Henderson e Kahili, optou-se por uma rota cuja trajetória arqueava ao sul do arquipélago Salomão. A inteligência americana temia que os Lightning fossem detectados em rota por aeronaves ou observadores costeiros inimigos, o que proporcionaria prova aos japoneses de que seu código naval havia sido quebrado.
Quase duas horas e vinte minutos após a decolagem do líder e já próximos à baía da Imperatriz Augusta em Bougainville, os pilotos americanos avistaram na névoa oito aeronaves a uma distância de cerca de 8 quilômetros e a uma altitude de 4.500 pés. Imediatamente, os Lightning dividiram-se em dois grupos.

Enquanto nas cabines de 12 dos caças os pilotos premiam plena potência para subir a 18.000 pés, seus quatro companheiros passaram à perseguição.

Alijando seus tanques de combustível subalares e iniciando uma subida de pequena inclinação para interceptar a esquadrilha inimiga que já iniciava a aproximação para o pouso em Kahili, dois dos P-38F rumaram para os dois bombardeiros médios que a esta altura já haviam sido identificados como sendo do tipo Mitsubishi G4M Betty.

Ao contrário do planejamento norte-americano, que previa somente um bombardeiro médio, os pilotos do 339th FS encontraram duas dessas aeronaves, uma vez que os japoneses transportavam Yamamoto e todo o seu estado-maior, dividido entre os dois aviões. Incapazes de distinguir qual deles transportava o almirante inimigo, o Capitão Thomas G. Lanphier e o Tenente Rex T. Barber viram-se obrigados a abater os dois aviões. O primeiro Betty com o Almirante Matome Ugaki a bordo, foi despachado de imediato, indo de encontro à superfície do mar. Ugaki escapou, tendo apenas o braço quebrado. O Tenente Barber rapidamente deu perseguição ao segundo bombardeiro que foi rapidamente abatido caindo na selva. Todos os P-38 voltaram, exceto um. O feito foi guardado em segredo até o fim da guerra. Primeiro, para não revelar aos japoneses que seus códigos estavam descobertos; depois, porque Lanphier tinha um irmão prisioneiro no Japão e temia-se, contra ele, uma terrível vingança.

A seguir o testemunho de THOMAS G. LANPHIER, JR.

EU ABATI YAMAMOTO

THOMAS G. LANPHIER, JR.
Coronel Reformado da Força Aérea Norte-Americana

A verdade desconhecida sobre uma das grandes façanhas aéreas da Segunda Guerra Mundial Era um dia de chuva fina no Cemitério de Arlington , nos arredores de Washington, e um vento frio sacudia a bandeira norte-americana que envolvia o esquife de meu irmão. A beira da sepultura achavam-se meu pai e minha mãe, meu outro irmão, Jim, e eu. A Segunda Guerra Mundial tinha terminado havia quatro anos, mas o corpo de meu calmo e bravo irmão caçula, Charles, só agora viera do Pacífico Sul. Enquanto eu ouvia as tristes e solenes palavras do capelão, meditei sobre a maneira como a minha vida e a de meu irmão se haviam ligado a uma remota ilha do Arquipélago de Salomão - a sinistra Bougainville, em forma de violino - e a um homem que nenhum de nós jamais viu: o Almirante Isoroku Yamamoto, Comandante-Chefe da Marinha de Guerra Japonesa. Quando Pearl Harbor mergulhou os Estados Unidos na guerra, era quase inevitável que Charlie e eu nos tornássemos pilotos, uma vez que papai fora um dos oficiais aviadores pioneiros do Exército na Primeira Guerra Mundial. Charlie ainda estava treinando como piloto de caça para o Corpo de Fuzileiros Navais, quando fui mandado para Guadalcanal com um esquadrão de P-38 do Exército. Então, num dia de março de 1943, quando voltava de uma patrulha de combate, ouvi uma voz conhecida no rádio. Era Charlie! Ele também estava no ar sobre Guadalcanal, regressando de uma missão. Durante as semanas seguintes nossos caminhos se cruzaram freqüentemente. Uma vez chegamos a lutar com a mesma formação de Zeros; de outra feita ajudei a recolhê-lo quando teve de saltar de pára-quedas sobre Santa Isabel, outra das Ilhas Salomão, em poder dos japoneses. Mas essa é outra história . . . Guerra ou Assassinato? No fim da tarde de 17 de abril de 1943, recebi ordem de me apresentar ao abrigo de operações do Campo Henderson. Cheguei com o Major John Mitchell, comandante do 339.° Esquadrão de Caça e o maior ás em Guadalcanal. Ao penetrarmos no abrigo bolorento, percebemos instantaneamente que algo de grande se preparava. A maioria do pessoal mais graduado da ilha estava ali. Com uma expressão no rosto que traía o seu estado de tensão, um major dos fuzileiros navais entregou-nos um telegrama marcado ultra-secreto.
Yamamoto
Isoroku Yamamoto, nasceu no ano de 1883. Desde pequeno destacou-se como aluno excelente e bom desportista. Seu amor pela vida ao ar livre levou-o a chegar na adolescência à escola naval, onde ingressou em 1901. Em 1904, aos 21 anos, passou a integrar os quadros de oficiais da frota imperial. Um ano depois, em 1905, interveio na guerra russo-japonesa, sofrendo alguns ferimentos. Anos depois, em 1911, Yamamoto passou, como professor, para a Escola de canhoneiras. Em 1919 foi nomeado Membro do Gabinete do adido naval japonês, em Washington. Durante dois anos viveu nos Estados Unidos e estudou na universidade de Harvard. Ali, entre outras atividades, destacou-se como grande jogador de xadrez. Foi ali, também, que Yamamoto descobriu a aviação. Converteu-se em apaixonado admirador de Mitchell, o “profeta” dos aviões. Dedicou, então, todos os esforços para aperfeiçoar seus conhecimentos da aviação e problemas correlatos.
Em 1923 e 1924, realizou um giro pela Europa. Em 1924, foi promovido a Comandante e foi encarregado da instrução dos pilotos da Força Aérea Naval. Yamamoto devotou-se de corpo e alma e foi considerado como o verdadeiro fundador da Força Aérea Naval japonesa. Em 1928, foi nomeado comandante do porta-aviões Akagi e em 1931, comandante-em-chefe da 1a Esquadra e em 1932 comandante-em-chefe da Aviação naval. Nos anos que antecederam à guerra, Yamamoto se opôs tenazmente à aproximação com a Alemanha e manifestou, também, sua oposição à guerra. Em 1941, ordenou o ataque à Pearl Harbor, como comandante-em-chefe da 1a Esquadra. Dois anos depois, em 1943, a esquadrilha sob o comando do Major Mitchell, homônimo do grande Mitchell, que Yamamoto tanto admirava, o derrubou. Yamamoto morreu vítima da sua grande paixão: os aviões.
Yamamoto e oficiais superiores de seu estado-maior deviam chegar a Bougainville em 18 de abril, dizia a mensagem. "O Esquadrão 339 de P-38 deve, a todo custo., localizar e destruir. O Presidente atribui importância extrema a esta operação." Prosseguia dizendo que Yamamoto e seu estado-maior estariam voando em dois bombardeiros escoltados por seis Zeros, e depois dava um horário minucioso de vôo. Estava assinado "Frank Knox" - o Ministro da Marinha dos Estados Unidos.
Não era de admirar que houvesse tensão no ar. Yamamoto não era somente o chefe da Marinha Japonesa: era também o arquiteto do traiçoeiro ataque a Pearl Harbor que invalidara a esquadra norte-americana do Pacífico e custara cerca de 2000 vidas. Mitchell e eu entreolhamo-nos. Bougainville ficava a 500 quilômetros. Nossos Lockheed Lightnings eram os únicos aviões em Guadalcanal com alcance suficiente para interceptar o Almirante. Yamamoto, então com 59 anos, era um oficial atarracado, de rosto impenetrável, o homem que construíra a moderna armada japonesa. A ele aperfeiçoara as técnicas de combate noturno e de lançamento de torpedos que tanto custaram em navios norte-americanos perdidos. Pioneiro da aviação, ajudou a criar o mortífero Zero, e sua confiança no navio-aeródromo contribuíra muito para revolucionar a guerra naval. Ironicamente, Yamamoto era fervoroso admirador dos Estados Unidos. Ele fora excelente aluno na Universidade de Harvard e um adido naval muito popular em Washington. Falava inglês fluentemente, gostava de pôquer e de basebol. De fato, elementos ultramilitaristas do Japão consideravam-no tão pró Estados Unidos que, de certa feita, foi ameaçado de assassinato. No entanto, quando o Exército obrigou o Japão a guerrear os Estados Unidos, Yamamoto dirigiu a Marinha com habilidade e devotamento característicos. A decisão de atacar o avião dele não foi tomada irrefletidamente. A oportunidade. apareceu como resultado de um dos maiores segredos da guerra - o fato de os criptógrafos norte-americanos terem desvendado o código japonês, permitindo-nos decifrar as mensagens secretas do inimigo. Quando se soube que Yamamoto viria colocar-se ao alcance de um ataque, o Presidente Roosevelt foi consultado. Assim também o Chefe de Operações da Marinha, Almirante Ernest J. King. Aquilo seria guerra ou assassinato. A verdadeira questão, todos concordaram, foi levantada pelo Almirante Chester W. Nimitz: "O Japão tem alguém para substituí-lo?" O consenso foi que não tinha. Uma vez que Yamamoto era elemento vital no esforço de guerra inimigo, tinha de ser eliminado. O Almirante Pontual No abrigo de Guadalcanal houve uma discussão acesa quanto a melhor maneira de cumprir a missão. Yamamoto era esperado na grande pista de pouso de Kahili, em Bougainville, ás 9h 45m da manhã seguinte; finalmente decidimos interceptá-lo em vôo 10 minutos antes, num ponto 56 quilômetros ao norte dali. Era uma jogada com escassas probabilidades. Tínhamos apenas 18 aviões para a missão e os nipônicos tinham mais de 100 em Kahili. Ademais, mesmo com tanques de gasolina suplementares, nossos aviões não poderiam levar gasolina suficiente para ficar á espera, sobrevoando a área visada. A missão exigiria precisão cronométrica para ter a mínima probabilidade de sucesso. Mais tarde, numa elevação de terreno relvado perto do campo de aviação, o Major Mitchell deu instruções ao nosso grupo. "A decolagem será às 0725", disse. "Minha seção de 14 aviões ficará a 6000 metros para tomar conta dos caças de Kahili. A seção de Lanphier, com quatro aviões, ficará a 3000 metros para a interceptação." Um oficial do serviço de informações do Exército explicou-nos quanto Yamamoto era importante para a Marinha Japonesa, e que golpe seria a sua perda para o moral do inimigo. "Ele é um perfeccionista", acrescentou o oficial. "Nosso serviço de informações chama atenção para a pontualidade dele. Vocês têm de ser pontuais." Domingo, 18 de abril, amanheceu claro mas úmido em Guadalcanal. Enquanto eu taxiava sobre a enlameada esteira de aço da pista recebi um aceno e um sorriso do meu ala, o Tenente Rex Barber. Exatamente às 7h 25m, Mitchell partiu pela pista afora e elevou-se no céu. Eu e Barber seguimo-lo. Mas dos outros aviões do meu grupo, um estourou um pneu na pista e os tanques da barriga do segundo não estavam alimentando bem. A missão começara havia apenas minutos e já tínhamos perdido dois aviões. Com um aceno de mão Mitchell mandou seu segundo elemento - os Tenentes Besby Holmes e Raymond Hine - reunir-se a mim. Rumamos todos para o norte, voando quase rente ás ondas para escapar á localização pelo radar japonês. Voávamos num arco em ziguezague, dirigindo-nos para o nosso ponto de encontro em Kahili. Sentindo Frio Sob o Sol Enquanto voávamos sob o ofuscante Sol da manhã, nossos 16 Lightnings bem agrupados mantinham o rádio sob rigoroso silêncio. Durante a maior parte de duas horas não avistamos terra. Eu sentia na boca do estômago o frio que é comum antes do combate. Aprendera, em quase 100 missões de guerra, que há graus de coragem; há certos dias em que o piloto está mais disposto a arriscar a vida do que em outros. Nesse dia, eu sentia que todos nós estávamos decididos a arriscar tudo. Finalmente vimos as Ilhas do Tesouro no horizonte, a noroeste. Então Bougainville apareceu em frente, uma ilha grande cuja selva emaranhada se debruçava sobre a água. Ao transpormos o contorno do litoral, Mitchell colocou seu avião num vôo cabrado a toda velocidade, conduzindo sua seção para 6000 metros: Meu grupo, logo atrás, subiu até 3000 metros. Olhei o relógio no painel de instrumentos - 9h 33m da manhã. Faltavam dois minutos. 9h 34m - um minuto para o objetivo. Enquanto subíamos, vasculhei a imensidão do céu, nada vendo se não algumas nuvens cúmulos. A qualquer momento certamente seríamos descobertos por aviões japoneses chegando ou saindo de Kahili. Onde estava o pontual Almirante? Um instante depois um piloto da seção de Mitchell rompeu o silêncio. "Inimigo. Oitavado à esquerda e no alto", disse calmamente. Com efeito, a distância havia uma formação de pontinhos pretos em V. Ao se aproximarem, distingui: dois bombardeiros bimotores, camuflados de verde, escoltados por seis Zeros. Meu relógio indicava 9h 35m - o Almirante estava exatamente no horário! E nós também. O esforço conjugado de inúmeras pessoas tinha-nos posto naquele ponto preciso do vasto céu do Pacífico no momento justo. Agora dependia de nós. Torrente de Balas Larguei meus pesados tanques de barriga e preparei-me para atacar. A frente e acima, a formação japonesa voava em nossa direção, ainda alheia à nossa presença. Subitamente a nossa sorte sofreu um contratempo: Holmes, o líder do meu segundo elemento, não conseguia soltar seus tanques de barriga. Com safanões e guinadas no avião tentou desprendê-los, fez uma curva ao longo da costa; seu ala, Hine, não teve outro jeito senão ficar com ele . Agora Barber e eu teríamos de executar a missão sozinhos. Estávamos a uns 1500 metros em frente da formação japonesa e aproximando-nos rapidamente quando os Zeros nos descobriram. Largando seus tanques de barriga, eles subiram e vieram sobre nós para obrigar-nos a nos desviarmos. O bombardeiro da frente mergulhou rumo à selva , enquanto o segundo subia em chandele diretamente contra nós. Quando mergulhei sobre o primeiro bombardeiro, três Zeros caíram verticalmente em cima de mim. Puxei para trás a coluna de comando, apontando minhas armas contra o Zero da frente. Quase colidimos de frente antes de a torrente de balas das minhas armas arrancar uma das asas dele. O Zero rodopiou abaixo de mim, deixando um rasto de labaredas e fumaça. Nesse momento, numa subida quase vertical, pus meu avião de dorso e procurei o bombardeiro que eu perdera de vista na confusão. O pânico total faz maravilhas com a visão da gente. Num relance vi Barber trocando tiros com uns Zeros enquanto outros dois Zeros apontavam para mim. Depois vi uma sombra verde riscando por cima da selva lá embaixo o bombardeiro, quase raspando nas árvores . Segui-o até ao nível da copa das árvores e comecei a disparar uma longa rajada constante. A asa e o motor direitos do bombardeiro começaram a arder. Então a asa caiu e o bombardeiro espatifou-se na selva. Nessa altura, Barber tinha abatido o outro bombardeiro no mar. Era hora de abandonar o campo. Parti por cima da selva aos ziguezagues, tentando despistar os Zeros que vinham no meu encalço. De repente fui cegado pelo pó - sem querer eu tinha passado por cima de um canto do campo de pouso de Kahili. O pó estava sendo levantado pelos enxames de caças japoneses que decolavam às pressas. Então imprimi ao meu Lightning a velocidade de subida para a qual fora construído e aos poucos afastei-me dos Zeros. Penas de Pavão Foi um vôo de regresso cheio de ansiedade, com alguns aviões atingidos por balas e todos nós com a gasolina acabando. FuiOs P-38 regressam a sua base. o último do grupo a pousar e meu tanque de combustível estava vazio quando parei. Uma multidão de pilotos, mecânicos, fuzileiros navais e soldados subiu pelo avião, arrancando-me da nacela e dando-me tapas nas costas, a tal ponto que me senti como o jogador de futebol que acaba de fazer o gol da vitória. Barber também fora bem sucedido. Além do outro bombardeiro ele derrubara dois Zeros. Perdemos um homem: Ray Hine, bom amigo e piloto de primeira. Naquela noite foram-nos servidos bifes, brotos de bambu e cerveja gelada com os cumprimentos do General "Lightnin' Joe" Collins. Houve uma mensagem do Almirante "Bull" Halsey, comandante das forças navais norte-americanas no Pacífico Sul: "Parabéns Major Mitchell e seus caçadores", dizia ela. "Parece que um dos patos era um pavão." Ironia da Guerra Só depois da guerra soubemos dos resultados completos da nossa missão. O bombardeiro abatido por Barber caíra no mar, e os Almirantes Ugaki e Kitamura foram recolhidos, gravemente feridos, do meio dos destroços. O outro bombardeiro foi encontrado na selva - e nele o corpo do Almirante Yamamoto, ainda agarrado à espada protocolar. Quando suas cinzas foram devolvidas a Tóquio, milhões de japoneses compareceram ao enterro oficial. Foi a maior exibição de luto nacional por um almirante desde o sepultamento, em Londres, do Visconde Horatio Nelson, que morreu em Trafalgar. Um mês após a morte, a Rádio de Tóquio finalmente admitiu que ele avia sido morto. Mas durante o resto da guerra os Estados Unidos não revelaram pormenores. Houve duas razões para esse silêncio. Uma, a de temer-se que a interceptação meticulosamente planejada fizesse o inimigo perceber que seu código havia sido desvendado. A outra foi, para mim, pungentemente pessoal . Exatamente dois meses depois daquele acontecimento, meu irmão Charlie, que então tinha quatro Zeros a seu crédito, comandou uma esquadrilha de oito Corsairs numa incursão de metralhamento contra o mesmo campo de Kahili, em Bougainville. Ele foi abatido quase no local onde eu derrubara Yamamoto. Charlie, entretanto, sobreviveu, e foi enviado para um campo de prisioneiros em Rabaul. Nosso governo não revelou que eu matara Yamamoto por temer que os japoneses usassem represálias contra Charlie. Ele morreu em Rabaul de gangrena - apenas duas semanas antes de os fuzileiros navais libertarem a prisão. Enquanto estive ali com minha família sob a chuva em Arlington, durante os serviços fúnebres de Charlie, compreendi melhor do que jamais compreendera a tragédia e a futilidade da guerra. Que ironia, pensei, eu ter abatido o Almirante Yamamoto sobre Kahili - e Charlie ter sido abatido quase no mesmo lugar. E perguntei-me, tristemente, se a humanidade, que pelo raciocínio chegou ao átomo, não poderia um dia descobrir pelo mesmo raciocínio um caminho para uma paz de verdade.

CORONEL LANPHIER abateu sete aviões japoneses na Segunda Guerra Mundial. Depois da guerra ele tornou-se presidente de uma editora de publicações profissionais.
AVIÕES ENVOLVIDOS NO ATAQUE A YAMAMOTO

Lockheed P-38 Lightning
Em fevereiro de 1937, o Corpo Aéreo do Exército dos E.U.A. emitiu uma especificação para um interceptador de grande raio de ação e caça de escolta, com velocidade de 580 Km/h a 6.096m capaz de manter essa velocidade durante uma hora. A Lockheed, que nunca havia construído um aparelho puramente militar, agarrou-se à especificação com unhas e dentes e criou um caça revolucionário, repleto de inovações e consideráveis riscos técnicos.
Em 1941, o primeiro YP-38 estava sendo testado, com um canhão Oldsmobile de 37mm, duas metralhadoras de .50, e duas Colt de 0,303 pol.. Na fábrica de Burbank 13 YP foram seguidos por 20 P-38, estes com um canhão de 37mm e 4 MG de 0.5 pol, mais blindagens e, nos 36 modelos D, tanques autolacraveis. Em Março de 1940, a comissão Britânica de compras havia encomendado 143 desse tipo, com canhão Hispano de 20mm, em lugar dos 37mm, com maior capacidade de munição. O Depto de Estado proibiu a exportação do motor Allison F2 e o avião da RAF chamado de Lightning I, teve motores C15, sem turbocompressores de gás de escape, ambos com motores da hélice para a direita ( os P-38 tinham hélices girando para fora). O resultado foi pobre e a RAF rejeitou esses aparelhos, que mais tarde foram reformados nos padrões dos EUA.
O modelo E adotou o nome inglês de Lightning e o canhão Hispano da RAF. Minutos após os EUA terem declarado guerra, em 7 de Dezembro de 1941, um E abateu um Fw 200c, perto da Islândia e o P-38 já estava no meio da luta na África do Norte, noroeste da Europa e Pacífico.
O modelo F foi o primeiro a possuir pilões internos, nas asas, para bombas de 454 Kg, torpedos, tanques e outros apetrechos. No final de 1943, novos modelos G voavam para a Europa via Atlântico Norte, enquanto, no Pacífico, 16 caças da 339º esquadrilha de caças destruíram aeronaves do Porta-Aviões do almirante Yamamoto a 885 Km de Guadacanal. O modelo J teve os refrigeradores internos removidos para baixo dos motores, modificando sua aparência e cedendo espaço para 250 litros extras de combustível, nas asas externas. Modelos J, posteriores, tinham ailerons impulsionados hidraulicamente, mas mantiveram o controle por meio de roda na lateral da cabine, em vez de alavanca.
O modelo L, com maior potência de guerra, podia levar 1.814Kg de bombas ou dez foguetes e, freqüentemente, as formações bombardeavam sob a liderança de um aparelho convertido, com o nariz inclinado, levando um bombardeador no compartimento de vidro.
Centenas foram fabricados como F-4 e F-5, de reconhecimento fotográfico e o M foi o caça noturno biposto, com radar ASH colocado sob o nariz. Os Lightning rebocaram planadores, operaram com esquis, funcionaram como velozes ambulâncias, levando duas caixas contendo padiolas e foram utilizados em muitas missões especiais.
P-38 E
P-38J
P-38M
Motores ( 2 )
Allison V-1710-49/52
Allison V-1710-89/91
Allison V-1710-111/113
Potência
1.325 cv
1.425 cv
1.600 cv
Envergadura
15,86 m
15,86 m
15,86 m
Comprimento
11,53 m
11,53 m
11,53 m
Altura
03,90 m
03,90 m
03,90 m
Peso Vazio
5.766 kg
6.350 kg
6.350 kg
Peso Carregado
7.023 kg
8.891 kg
9.798 kg
Velocidade Máxima
630 km/h
666 km/h
666 km/h
Ascensão inicial
870 m/min
900 m/min
900/min
Altitude máxima
11.582 m
12.192 m
13.410 m
Alcance ( combustível interno)
563 km
740 km
740 km
Armamento Primário:2 canhões de 20mm e 4 metralhadoras 0.50 pol.
Carga de Bombas:Até 1.415 Kg

Mitsubishi A6M Zero
O mais famoso avião de todos os tempos, foi o primeiro avião a ser usado em um porta-aviões que superava qualquer outro baseado em terra, foi um choque terrível para os americanos e para os ingleses, os quais nunca haviam estudado, aparentemente, o desempenho deste soberbo caça, que ja tinha mostrado seu valor na China.
Esse aparelho foi projetado pela Mitsubihi, a fim de atender diversas e severa determinações, em 1937, para a construção de um caça, com base em porta-aviões, que substituísse o A5M. As especificações incluíam a velocidade de 500 Km/h e o armamento composto de dois canhões e duas metralhadoras. Sob a direção do chefe de equipe de projetos. Jiro Horikoshi, o novo caça tomou forma, surgindo um aparelho harmonioso e eficiente, porém leve, que possuía destacada capacidade de manobra. Sua produção, equipando-a com motor mais potente, foi iniciada sob a sigla A6M2 e, embora tenha come no ano de 1941, 5.700 no calendário japonês, ele se tornou o popular Zero-Sen ( caça tipo 00 ), e para os seus dois milhões de inimigos, foi simplesmente o "Zero" (embora seu codinome aliado fosse " Zeke" ). Antes de os testes oficiais terem sido completados, duas esquadrilhas, de 15 aparelhos cada uma, foram enviadas á China, em julho de 1940, para testes sob reais condições de guerra.
Depois da batalha de Midway, os aliados, vagarosamente, obtiveram a supremacia aérea e o A6M viu-se desbancado pelo F4U Corsair e pelo F6F HellCat. A Mitsubishi tentou rapidamente fabricar versões aperfeiçoadas e o A6M5 foi construído em quantidades bem maiores do que qualquer outro avião de combate japonês. Os aperfeiçoamentos foram pequenos e o aparelho impulsionado pelo motor Sakae 31 não apareceu antes do final de 1944. Somente uns poucos do modelo A6M8c, com motor mais potente, foram produzidos, sendo a principal razão para troca de motor a destruição da fabrica Nakajima.
O modelo final foi a versão Kamikaze A6M7, para ataques suicidas, embora centenas de Zero, dos diversos subtipos, tivessem sido transformados para este fim. A produção total atingiu 10.937 aparelhos, dos quais 6.217 foram construídos pela Nakajima, a qual também projetou e construiu 327 dos atraentes hidroaviões A6M2-N, de caça, com um único flutuador com codinome " Rufe " , que operavam durante toda a guerra do Pacifico.

Características Técnicas
A6M-2A6M-3A6M-6
MotoresNakajima NK1C Sakae 12Nakajima Sakae 21Nakajima sakae 31
Potência925 cv1.130 cv1.210 cv
Velocidade máxima509 km/h541 km/h570 km/h
Velocidade ascensional1.370 m/min1.370 m/min960 m/min
Teto de serviço10.300m11.050m11.500m
Raio de ação3.110 km1.920 km1.920 km
Peso Vazio1.680 kg1.807 kg1.778 kg
Peso Carregado2.410 kg2.644 kg2.952 kg
Envergadura12,00 m11,00 m11,00 m
Comprimento09,06 m09,06 m09,06 m
Altura02,92 m02,98 m02,98 m
Armamento
  • 2 can 20mm
  • 2 mg 7,7mm
  • 60 kg em bombas
  • 2 can 20mm
  • 2 mg 7,7mm
  • 60 kg em bombas
  • 2 can 20mm
  • 2 mg 7,7mm
  • 60 kg em

Mitsubishi G4M "Betty"
O Charuto mais conhecido do Pacífico, O Mitsubishi G4M, denominado pelos americanos BETTY, de acordo com a relação dos nomes de código empregados para distinguir os diversos modelos de aviões japoneses, foi o mais versátil dos aparelhos utilizados pelos japoneses em toda a Segunda Guerra Mundial.
Inicialmente, fora projetado para operações terrestres, mas logo as exigências da guerra o levaram a ser utilizado em porta-aviões, tal como os B-25 da Incursão Dollitte. Foi fabricado em grande quantidade e utilizado em todas as frentes do pacífico. Transportou bombas, torpedos e ainda serviu em missões de reconhecimento fotográfico. Atuou, também, em ações noturnas.
Seu aparecimento registrou-se pela primeira vez na frente da China, no mês de maio de 1941. Uma das suas mais felizes ações de guerra foi o afundamento dos navios Repulse e Prince of Wales, componentes da frota Britânica. Interveio nos combates de Nova Guiné, Nova Georgia, nas ilhas Salomão, nas Curilas, nas Marshal e em tantas outras grandes batalhas travadas pelos japoneses.
Era, contudo, um avião de inegáveis qualidades, com uma boa capacidade para bombas e mais bem armado defensivamente que o seu contemporâneo e congênere B-25 Mitchell. Porem o que o fez ficar mais famoso foi um de seus mais graves defeitos: A filosofia de construção de aviões japonesa. Assim como o Zero, ele não teve a princípio tanques auto vedantes nem blindagem para os tripulantes. Por conseguinte, o Betty era muito vulnerável a tiros de artilharia inimigas ou a rajadas das metralhadoras dos bem armados caças americanos. Justamente por essa condição, os pilotos japoneses o apelidaram de charuto voador, e os pilotos americanos, maldosamente, chamavam seus tripulantes de acendedores de charuto.
Nos dias finais da guerra, foi convertido em sua mais mortal e terrível variante, carregando as bombas-foguete tripuladas Kamicase BAKA. É um valoroso oponente, não devendo ser subestimadas suas metralhadoras de.7.7 mm nem o seu canhão de 20 mm da torrenta traseira que o defendiam.
FICHA TÉCNICA
Motores 2 Kasei radiais, resfriados a ar, de 1.850 HP cada
Velocidade 410 Km/h
Envergadura 24,30 m
Comprimento 18,20 m
Teto máximo9.000 m
Alcançe 3.300 Km
Armamento 1 canhão de 20 mm e 3 metralhadoras de 7.7 mm
Carga 1 Torpedo ou 1.100 Kg de bombas.
Um Kamicase BAKA abatido sobre o Pacífico por um F-4U.




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