sexta-feira, 28 de setembro de 2012

As Deusas da Guerra

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As beldades que adoravam as máquinas de guerra americanas


Mas primeiro expliquemos o que diacho é nose-art. Normalmente os aviões militares são identificados por símbolos ou “cocares” – normalmente os círculos coloridos concêntricos pintados na fuselagem. Mas no meio do “pega pra capar” da guerra aérea havia espaço pra arte, e a chamada “nose art” consistia em fazer uma pintura no nariz da aeronave para identificar o esquadrão ao qual pertencia, sendo isso normalmente uma iniciativa dos próprios pilotos. Essa prática começou ainda na I Guerra Mundial, sendo mais disseminada durante a II Guerra Mundial. Como exemplos famosos de nose-art podemos citar o desenho do avestruz atirando com uma arma sob a frase “Senta a Pua”, que foi ostentada nos P-47 dos pilotos brasileiros que lutaram como voluntários no 1º Grupo de Aviação de Caça, os famosos “Jambocks”, ou os dentes de tubarão dos P-40 dos “Tigres Voadores”. Até os sisudos alemães adotaram Mickey Mouse como mascote em caças Bf-109 da Legião Condor durante a Guerra Civil Espanhola.

Mas em alguns casos esses desenhos eram individuais para cada aeronave, sendo a escolha da ilustração por parte do piloto ou tripulação do aparelho, personalizando o avião de combate. O destaque fica para os bombardeiros pesados americanos, principalmente os B-17 e B-24, as chamadas “fortalezas voadoras”, que carregavam dezenas de bombas em incursões diurnas e noturnas. Os temas das pinturas eram diversos, se inspirando em personagens de cartuns ou tiras. Mas ao que parece, os americanos queriam algo mais do que as várias metralhadoras Browning M2 calibre 50 espalhadas pelo avião para se defenderem dos caças da Luftwaffe, pois a predileção dos cuecas em combate eram as pin-ups. Quem sabe a intenção dos americanos seria distrair os pilotos dos caças Me-109 ou Focke-Wulf que se abestalhariam ao ver as gostosas e seriam abatidos pelas implacáveis rajadas de munição .50…

As pin-ups se tornaram mais um dos símbolos americanos da época da Segunda Guerra, já que contribuíam para o “esforço” nacional no conflito. Os soldados costumavam levar fotos, pôsteres e paginas arrancadas de revista mostrando essas deusas. E as de carne e osso costumavam aparecer no front de combate, ao lado de outros artistas, atores e cantores, para entreter as tropas.

Mas se os soldados do exército penduravam pôsteres ou levavam fotos delas, a força aérea do exército preferiu pintá-las em suas aeronaves. A princípio não foi uma decisão oficial, obviamente, mas as tripulações tinham relativa liberdade em escolher os temas para pintar as aeronaves. E os oficiais viam nisso um estratagema para manter elevado o moral das tropas.

No auge das pin-ups girls, além das atrizes e modelos de carne e osso, como Betty Grable e suas belas pernas, ou Rita Hayworth, ou personagens de quadrinhos, como a “Dragon Lady” de Milton Cannif, quem costumava inspirar os “artistas de narizes” eram principalmente as belas e sensuais ilustrações da revista “Esquire” de George Petty e, principalmente, as garotas de Vargas, o peruano ilustrador cujo estilo e impecável técnica com o aerógrafo influenciariam a publicidade nas décadas seguintes e que trabalhou para diversas revistas, como ilustrando os calendários da “Esquire” no início dos anos 40 e, posteriormente, trabalhando como ilustrador da revista “Playboy”. Desses calendários para o nariz dos poderosos aviões da Boeing que despejavam toneladas de bombas sobre a Alemanha foi um pulo. No esforço de guerra americano, as garotas perfeitas serviram para “levantar o moral” da tropa, uma verdadeira “arma secreta” dos States.


Mesmo utilizando arte original ou fotos de modelos e atrizes, há o mérito daqueles que decalcavam a imagem para o metal frio das aeronaves. Um dos mais ativos “pintores de nariz” da II Guerra foi o mecânico Tony Starcer, do 91st Bomb Group, sediado na Inglaterra. E entre suas mais de cem pinturas, a mais famosa é, com larga margem, a transposição da Pin-Up de George Petty para o B-17 “Memphis Belle“, que já foi tema de dois filmes, um documentário de 1944 e uma produção de 1990. Outro colega famoso foi o mecânico naval Hal Olsen, que serviu no Pacífico e cobrava 50 dólares por pintura, e também produziu mais de 100 obras em narizes de bombardeiros B-29 e PB4Y-1, (designação naval para o B-24 Liberator), e boa parte desse trabalho se deu entre junho e agosto de 1945, quando ele pintava, em média, dois aviões por dia. E sua mais famosa não seria uma mulher, infelizmente, e sim o nome “Enola Gay” no nariz do B-29 que alijou a bomba atômica em Hiroshima.

A nose-art e outras formas de pintura em aeronaves ainda persiste, em aeronaves dessa época conservadas em museus ou em reedições modernas dessa prática. Mas o politicamente correto vem “atrapalhando” o uso de pin-ups como tema, em alguns casos, até porque a presença de mulheres no meio militar aumentou nas últimas décadas, e ostentar beldades em poses eróticas pode soar como ofensivo. Tanto que a RAF (Real Força Aérea, Inglaterra) proibiu ano passado o uso desse tema na pintura de suas aeronaves.


Segue abaixo alguns exemplos de nose-art e as pin-ups que os inspiraram


Calendário da “Esquire” de outubro de 1941, criação de Alberto Vargas, inspirou várias pinturas, incluindo a “War Goddess” de um bombardeio B-24


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A jovem em pose, digamos, “aerodinâmica”,, desenhada por Vargas para o calendário de dezembro de 1943 inspirou diversas “nose-arts” em várias aeronaves, como a “Gerogia Peach”



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O nome “Memphis Belle” foi inspirado em uma personagem da atriz Joan Blondell no filme de 1942 “Dama por Uma Noite”, com John Wayne. A inspiração para a pintura foi o calendário da “Esquire” de Abril de 1941, desenhado por George Petty. Deu sorte, pois o B-17 sobreviveu a 25 missões e foi tema de dois filmes.

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Mais uma de Vargas, que inspirou pinturas em bombardeiros B-25, como o “Shirley Ann”, do 340th Bomb Group



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O famoso Tony Starcer pintou a garota com a frase “Mount´n´Ride” no nariz desse B-17 do 91th Bomb Group inspirado no calendário de Vargas para a “Esquire” de fevereiro de 1944.

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Outra nose-art famosa é a desse B-24 intitulada “Strawberry Bitch”, que hoje se encontra restaurado no museu da Força Aérea Americana, servindo no 512th Bomb Squadron, sediado na África. Há uma lenda em torno dessa imagem que afirma que originalmente a mulher estaria nua, e ao ser restaurado os pintores a teriam “vestido”. Pouco provável, já que a jovem já aparece “vestida” na imagem que a inspirou e em fotos da época.




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Nem só bombardeios tinham a prerrogativa de ostentar beldades pintadas em seus narizes. Mais uma “Vargas Girl”, do calendário de fevereiro de 1941, inspirou a pintura “Naughty Dotty” em um caça P-47 do 397th Fight Group

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Mais algumas imagens de Vargas que inspiraram pinturas em dezenas de bombardeiros americanos


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Fonte:http://www.blodega.com/index.php/2009/08/24/as-deusas-da-guerra/
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Humilhações de guerra

A guerra pode coroar uma nação, torná-la uma potencia bélica respeitável. A guerra pode deixar feliz o mundo,Mas nenhum prêmio obtido com a força e com o uso abusivo do poder pode curar uma alma; pode trazer paz para o homem quando ele estiver sozinho diante do turbilhão de dúvidas que os massacres deixam, que as conseqüências da guerra geram. Nenhuma vitória na guerra pode tornar o homem realizado como ser.

Na guerra a máscara cai. Ficam expostas todas as maldades, toda a insanidade. O homem, que subjugou todas as espécies, tenta agora subjugar o seu próximo, o seu igual.

Os países que já ganharam guerras vêem seus filhos, antes defensores de uma causa, atirarem contra civis em faculdades, em supermercados, em cinemas. Foram vitoriosos, mas não realizados.

No mundo dos humanos, a guerra pode até ser essencial para o domínio e para a manutenção da paz – que ambigüidade. Mas é devastador o seu efeito no coração da humanidade. Antigamente era possível alegrar-se com o escândalo das lutas sangrentas e intermináveis, hoje, a humanidade não consegue mais suportar a humilhação, a dor e o sofrimento.

Abaixo uma seleção de imagens que mostra o outro lado. O da humilhação humana. Uma ferida que provavelmente jamais será curada. Nenhuma arma de guerra deixa uma cicatriz tão profunda. Quando perguntarem por que um ex-combatente saiu atirando contra a população, saiba que ele viu ou participou de cenas piores que estas.

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Fonte:http://olavosaldanha.wordpress.com/humilhacoes-de-guerra/