quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

TRANSAMAZÔNICA, UMA ESTRADA SEM FIM

 


O Presidente Emilio Garrastazu Médice cumprimenta o Ministro do Interior, Mário David Andreaza,junto ao tronco da castanheira derrubada no inicio da construção da Transamazônica. No que restou da portentosa árvore foi afixada a placa que ainda hoje pode ser vista no chamado "pau do presidente, em Altamira.
                        No dia 6 de junho de 1970, o general Emilio Garrastazu Médice, presidente do Brasil, foi ao Nordeste para ver de perto os efeitos devastadores que a seca estava causando na região. No retorno a Brasília passou por Recife, onde anunciou o propósito do governo em construir a rodovia Transamazônica e assim transferir flagelados para a Amazônia. Ao encerrar o discurso que fez, afirmou que transporia “homens sem terra para terra sem homens”. A 16 de junho ele criou o Plano de Integração Nacional-PIN, no qual a abertura da Transamazônica era o projeto primordial. A concorrência pública foi lançada dia 18 de junho e as obras iniciaram em 1º de setembro de 1970. O dinheiro para o inicio da obra foi sacado do orçamento da Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia-SUDAM e da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste-SUDENE. Todas as providências para a concretização do projeto aconteceu de forma avassaladora. 

O Presidente Emilio Garrastazu Médice,ao lado do general João Batista Figueiredo,contempla a placa fixada no tronco de uma castanheira por ocasião do inicio das obras de construção da Rodovia Transamazônica,em Altamira, no Estado do Pará.
O governo pretendia instalar 500 mil colonos ao longo da estrada que passou a ser identificada como BR-230, na Amazônia. O propósito do projeto empolgava os governistas e os flagelados. Seriam instaladas agrovilas a cada 10 km da rodovia e, em cada uma delas, haveria entre 48 a 64 casas além de escola primária, capela ecumênica, armazém, clinica e farmácia. As casas ocupariam parte de terrenos com 20x80m a 25x125m. Cada família receberia uma gleba de 100 hectares(1 km por 1 km), preservando metade do terreno. A cada 50 km, haveria uma agrópole com quatro agrovilas sob sua jurisdição. Cada agrópole teria 500 casas e no máximo 2.500 habitantes. Ali funcionaria uma escola secundária, olaria, comércio e posto de gasolina. A cada 150 km, haveria uma rurópole com duas agrópoles em sua jurisdição. No dia 10 de outubro de 1970, Médice inaugurou, em Altamira, o marco inicial das obras da rodovia, ocasião em que uma castanheira de 50 metros foi derrubada. No tronco da monumental árvore foi colocada uma placa de bronze com os seguintes dizeres: “Nesta margem do Xingu, em plena selva Amazônica, o Sr. Presidente da República dá inicio à construção da Transamazônica, numa arrancada histórica para a conquista deste gigantesco mundo verde”.

O tronco da castanheira derrubada em 1970, com a placa que registra o inicio da grande empreitada,em 2010, 40 anos após este fato. No presente momento, fevereiro de 2014, contamos 43 anos do feito.O tempo se encarregou de provocar irreversíveis danos ao importante marco histórico. 
No trecho Altamira-Itaituba, surgiram a primeira agrópoles, a “Brasil Novo” e a primeira rurópoles,a “Presidente Médice”,consagrada como Medicilândia. A Brasil Novo dista 46 km do marco inicial da estrada. A Medicilândia ficou um pouco mais distante, a 90 km de Altamira. Dentre as agrovilas, a Leonardo da Vinci, localizada no município de Vitória do Xingu merece destaque, pois até rua asfaltada possui. No decorrer da década de 1970, o governo federal gastou mais de um bilhão e quinhentos mil dólares na construção da rodovia. Numa extensão de 4.000 km abertos na Amazônia, só restam 20 agrovilas em 2012. Medicilândia foi elevada à condição de município e hoje possui uma população de mais de 30 mil habitantes.

Agrovila Presidente Médice, que acabou consagrada como Medicilândia. O progresso por ela experimentado elevou-a à condição de sede do município de idêntico nome. No inicio de sua ocupação ainda não havia energia elétrica,água encanada e rua.
Em 1970, Altamira possuía cerca de três mil habitantes. Atualmente este contingente populacional é superior a 100 mil almas. A Transamazônica atravessa Altamira de leste a oeste numa extensão de 60 km. Belém está a 800 km da sede do citado município. O trecho Altamira-Itaituba compreende 500 km de distancia. Lonjura semelhante precisa ser percorrida entre Altamira-Marabá e Altamira-Santarém. Altamira é tida como a capital da Transamazônica, à margem do rio Xingu. Como os colonos não tiveram o crédito prometido pelo governo para plantar, foram saindo da região, vendendo ou simplesmente abandonando as terras recebidas. Os que chegaram a produzir alguma coisa não tiveram cesso ao mercado produtivo. Outros, nem terras receberam.
Uma das agrovilas implantadas ao longo da BR-230 - Transamazônica. Os lotes destinados às atividades produtivas mediam 100 hectares( 1 km por 1 km). O governo não assegurou as vantagens que foram prometidas aos assentados.



Uma motoscrit, também conhecida como e"euclides"em operação na abertura da Transamazônica. Robusta,ela raspava o chão,enchia sua basculante e depois espalhava a terra no trecho estava aterrando ou nivelando.
 
O inicio da construção da Transamazônica ficou marcada pela solene derrubada de uma castanheira de 50 metros de altura e despertou opiniões contraditórias sobre a validade do projeto incluso no Plano de Integração Nacional, que visava à ocupação física do solo por meio da abertura de estradas e tinha como meta absorvera mão-de-obra nordestina, disponível em grande quantidade devido às secas, e direcionar os fluxos de migração. Para que isso ocorresse, o governo federal pretendia fixar famílias na região amazônica, cujas terras, segundo a propaganda oficial, eram férteis e gratuitas. Os ocupantes das terras deveriam receber do governo titulo de legalização das mesmas, sementes para iniciar as plantações, vasta rede de postos médicos e escola para todos.

Entrada de Anapu, uma das agrovilas que evoluiu para sede de município. Esta situada às margens do rio Anapu,cujo significado na língua indígena é "ruído forte"e decorre do barulho produzido pelas águas do rio.Foi transformada em município em 1995.
 Todo o excedente da produção seria transportado para centros consumidores. O isolamento, o solo arenoso em grande parte, as chuvas torrenciais que transformam em rios de lama largos trechos da rodovia, dificultaram a adaptação dos colonos à região. A 3ª maior rodovia do Brasil foi projetada no governo do presidente Emilio Garrastazu Médice, de 1969 a 1974. Inaugurada dia 27 de dezembro de 1972, e classificada como uma rodovia transversal, a Transamazônica deveria ter 8 mil km de comprimento  ligando região Nordeste e Norte do Brasil com o Peru e o Equador. Posteriormente o projeto foi modificado para 4.977 km e a estrada chegaria ao município de Benjamim Constant. Entretanto, não passou de Lábrea com 4.233 km. No período chuvoso, que se estende de outubro a março, os trabalhos eram interrompidos e os trabalhadores ficavam isolados por terra.

No período chuvoso a situação de tráfego na Transamazônica e problemática. Nas áreas baixas, que antes eram capoeiras rebaixadas, o aterro ainda não foi devidamente compactado, fato que facilita danos causados pelos  repiquetes. As vezes,até três tratores de esteiras são estrategicamente colocados para operarem nestes trechos ajudando os carros a passar.
 Quando o tempo permitia, pequenos aviões, usando pistas precárias, faziam o transporte de viveres e medicamentos. Às vezes, os helicópteros também operavam na região. A comunicação era realizada através de rádio. A Transamazônica, identificada como BR-230, tem inicio na cidade portuária de Cabedelo, no Estado da Paraíba. Dos 4.233 km que possui, a rodovia tem 2.656 km asfaltados e 1577 km de terra. Ela corta os estados da Paraíba, Ceará, Piauí, Maranhão, Tocantins, Pará e Amazonas. Na Paraíba a Transamazônica compreende 521 km com boa condição de tráfego até a divisa com o Ceará.



No dia 14/1/2014, estive em Cabedelo e aproveitei a oportunidade para documentar minha passagem na cidade portuária da Paraíba. Quem retorna a Belém por via terrestre,tomando a rota de Picos, no Piauí, transita por toda a extensão da rodovia no Nordeste.
 Inicia em Cabedelo, se ponto extremo leste e em João Pessoa ela tem interseção com a BR-101, que dá acesso a Natal. Depois de João Pessoa a estrada passa por Bayeux, Santa Rita, Cruz do Espírito Santo, Sobrado, Caldas Brandão, Gurinhén, Mogeiro, Ingá, Riachão do Bacamarte, Massaranduba, Campina Grande (interseção com a BR-104 e acesso a Caruaru), Soledade, Juazeirinho, Junco do Seridó, Santa Luzia, São Mamede, Patos, Malta, Condado, São Benedito, Pombal, Aparecida, Souza, Marizopólis e Cajazeiras. É duplicada no trecho de 147,6 km entre Cabedelo e Campina Grande, conhecido como rodovia governador Antônio Mariz, para dar maior desenvolvimento à região com o transporte da safra agrícola.

Trecho da BR-230 que passa ao largo da cidade de Campina Grande, na Paraíba. Trafeguei na pista direita(onde se vê o automóvel branco) da rodovia em 18/1/2011, quando estava em demanda de João Pessoa tendo saído de Exu.
 No estado do Ceará a estrada passa por Ipaumirim (interseção com a BR-116, acesso a Fortaleza), Lavras da Mangabeira, Vargem Alegre, Farias Brito, Antonina do Norte e Campos Sales. No Piauí ela passa por Picos (acesso a Teresina), Oeiras e Floriano. No Maranhão ela corta Balsas e Imperatriz. Nesta cidade existe interseção para Belém, Palmas (Tocantins), Goiânia (Goiás) e Brasília (DF). No Estado de Tocantins: Aguiarnópoles, Nazaré/Santa Terezinha a 2 e 3 km da rodovia,respectivamente.Luzinópoles,Cachoeirinha,(a 2 km da rodovia),São Bento do Tocantins, Araguatins(a 8 km da estrada), além de acesso pela TO-010 ao povoado de Transraguaia e travessia do rio Araguaia. 

Entrada da cidade de Pombal, na Paraíba. Já passei neste local em 1999 e 2011. Não há como deixar de lembrar a música Maringá, principalmente aparte da letra da canção que diz: " antigamente uma alegria sem igual,dominava aquela gente da  cidade de Pombal". Foi o nome desta música que deu identidade a Maringá, no Paraná.
No Estado do Pará o primeiro centro urbano é Palestina do Pará, cujo centro da cidade dista 6 km da estrada. Seguem: Brejo Grande do Araguaia (a 2 km), São Domingos do Araguaia (a 4 km), Marabá (acesso a Parauapebas, Xinguara e a Redação pela BR-155), Itupiranga, Novo Repartimento (acesso a Tucurui pela BR-422), Pacajá, Anapu (acesso a Vitória do Xingu pela PA-415), Brasil Novo, Medicilândia, Uruará, Placas, Rurópoles (acesso a Belterra e a Santarém pela BR-163/Rodovia Cuiabá-Santarém, Campo Verde (distrito de Itaituba com acesso a Trairão, Novo Progresso e a Cuiabá/Mato Grosso pela BR-163) Itaituba (travessia sobre o rio Tapajós) Jacareacanga (a 7 km da rodovia). No Estado do Amazonas: Apuí, Humaitá (acesso a Porto Velho/Rondônia e a Manaus pela BR-319) e Lábrea. 

Mapa das regiões Nordeste e Norte com o traçado da Transamazônica.O trecho tracejado em preto e amarelo indica por onde a rodovia deveria passar  até atingir Benjamim Constat.
Em 1974, 300 famílias foram assentadas no trecho km 930 a 1035, em Humaitá e cada uma delas recebeu lote de 100 hectares. Estima-se que, no entorno da Transamazônica vivem cerca de um milhão e 200mil pessoas, a maioria no Pará. O trecho deste estado concentra 60% da produção de cacau e 20% da criação de gado. No dia 12 de janeiro de 2011, percorri o trecho que se estende de Fortaleza a Crato, trafegando pelo perímetro acima descrito. Dia 18 do mesmo mês e ano sai de Exu (Pernambuco) seguindo o mesmo trecho e passando pela extensão da BR-230, até João Pessoa. No dia 22 de janeiro de 2014, viajamos de Crato (Ceará) para Teresina (Piauí), trafegando pela Transamazônica e passando por Picos, Oeiras e Floriano. 

Trecho de Pacajá, no Estado do Pará.
No Maranhão, ainda trilhando pela BR-230, passamos por Balsas e Imperatriz. Nesta cidade a estrada faz conexão com outra rodovia que leva a Belém, Palmas, Goiânia e Brasília. Em Cabedelo-PB, perto do porto e da  Fortaleza de Santa Terezinha, há uma placa que assinala o inicio da rodovia Transamazônica, a BR-230. Documentei em foto minha presença no local. O trecho problemático da Transamazônica está localizado no Pará e Amazonas. No Nordeste o movimento de veículos é intenso e as estradas estão em ótima condição de tráfego. Testemunhei este fato, identificando, pela chapa do veículo sua procedência. Nos postos de combustível indaguei a diversos motoristas o destino da carga que transportavam. Em maior quantidade elas eram conduzidas para Belém, São Luiz, Palmas, Marabá e Santarém. 
O corpo da freira Doroty Mea Stang depois dela ter sido assassinada por pistoleiro de aluguel a mando de proprietário de terra que fazia exploração ilegal de madeira em Anapu. A religiosa foi atingida por seis tiros porque se opunha a tal procedimento e denunciava os transgressores da lei às autoridades.
Este mapa se reporta às três rodovias que ainda podem ser asfaltadas e melhorar a vida dos que teimam em viver nas regiões por onde elas passam. A mais extensa é a BR-230,a Transamazônica. A BR-319,a Manaus-Porto Velho possui trechos que só não foram totalmente tomados pela floresta devido as atividades das companhias de eletricidade e telecomunicações que precisam utilizá-la. A BR-163, a Cuiabá-Santarém, poderá beneficiar o porto de Santana,no Amapá, com a exportação de grãos.
Presidente Médice e seus assessores contemplando a maquete da construção da Transamazônica, em 1970.
Bonita vista aérea da Transamazônica,no Estado do Pará.Imagine o progresso que a região teria se ela estivesse asfaltada totalmente
LINCOLN GORDON VISITA MACAPÁ

           LINCOLN GORDON VISITA MACAPÁ
   


Professor de economia da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, Abraham Lincoln Gordon veio para o Brasil para ocupar o cargo de embaixador daquele país e teve papel importante na articulação do golpe militar de 1964, que levou o Brasil a uma ditadura que se estendeu até 1985. São raras as fotografias onde ele aparece sem o seu famoso cachimbo.
                        Na manhã do dia 28 de setembro de 1964, desembarcava no aeroporto internacional de Macapá uma comitiva liderada pelo embaixador norte-americano no Brasil Prof. Lincoln Gordon.O grupo de ilustres visitantes foi recepcionado  pelo general Luiz Mendes da Silva, o primeiro governador do Território Federal do Amapá após a revolução militar ocorrida a 31 de março do ano supra mencionado. O general Luiz Mendes estava acompanhado de sua esposa Inah Silva e por assessores mais diretos do 1º escalão governamental, entre os quais, o economista Roberto Rocha Souza, cujo cargo de Secretário Geral equivalia ao de vice-governador. A comitiva visitante estava assim constituída: Abraham Lincoln Gordon e sua esposa Allison Wright Gordon; Alfred L. Ranbone (adido mineralógico); Jack Wyant (Serviço Informativo e Cultural); Edmundo Wagner (Aliança Para o Progresso); Robert W. Dean, principal “officer” em Brasília e esposa; e os senhores Human Bloom e Vicent Rotundo do consulado americano em Belém. Também marcaram presença o embaixador brasileiro em Washington, Walther Moreira Salles e o Diretor Geral dos Diários Associados, Jornalista e Deputado Federal João de Medeiros Calmon Nascimento. Entre as autoridades que recepcionaram os visitantes estavam o engenheiro Osvaldo Senra Pessoa, Gerente da Indústria e Comércio de Minérios S.A. e o embaixador Edmundo Barbosa da Silva, que viera ao Amapá conhecer as atividades do Instituto Regional de Desenvolvimento do Amapá-IRDA, instituição que integrava as ações da citada mineradora. A Guarda Territorial, sob o comando do tenente Uadih Charone prestou honras de estilo.

O embaixador estadunidense Lincoln Gordon passa em revista uma representação da Guarda Territorial que foi ao aeroporto internacional de Macapá apresentar-lhe as honras de estilo. Observem que os soldados da Guarda Territorial são rapazes egresso do Tiro de Guerra nº 130, contratados pelo governo territorial para aumentar seu contingente.
 O resto do dia foi preenchido com visitas a Fortaleza São José, Escola Doméstica, Fazendinha e o Marco-Zero do Equador. À noite, na residência governamental foi servido um jantar oferecido pelo governador e esposa. Dia 29/9, realizava-se uma importante reunião no Salão de Recreio da Piscina Territorial, então situado por trás do Grupo Escolar Barão do Rio Branco, em área que hoje abriga uma quadra esportiva e o prédio do Centro de Processamento de Dados. O evento discutiu os problemas amapaenses e teve a participação de membros do governo territorial, representantes das classes conservadoras, estudantes, autoridades civis, militares, eclesiásticas, de populares e dos ilustres visitantes. O ato foi iniciado com a apresentação de um coro feminino composto por 300 vozes, dirigido pelo Padre Jorge Basile. Após a reunião a comitiva visitou a Escola Industrial de Macapá e outras unidades escolares edificadas no centro da cidade. O almoço foi servido no Recreio Amazonas, na área do CCH, onde residia o pessoal do Staff da ICOMI,em Vila Amazonas.

Na fotografia vislumbramos o Dr. Augusto Antunes, diretor-presidente da ICOMI e o embaixador Lincoln Gordon, com seu inseparável cachimbo, na entrada do Recreio Amazonas, área do CCH, em Vila Amazonas.
 Terminado o ágape, o Dr. Augusto Antunes levou visitantes e convidados a percorrerem a vila Amazonas e a área do porto, explicando-lhes minuciosamente seu funcionamento. Por volta das 15 horas ocorreu a viagem da comitiva a Serra do Navio, onde seus integrantes visitaram a mina de manganês, o beneficiamento e o embarque do minério nos vagões da Estrada de Ferro do Amapá. Todos ficaram impressionados com as instalações sociais, escolas, hospital, supermercado e residência de operários. No dia 1º de outubro, o Prof. Lincoln Gordon e seus acompanhantes regressaram ao Rio de Janeiro, depois de uma permanência de quatro dias no Amapá. Lincoln Gordon, que era professor de economia, esteve no Brasil entre 1961 e 1966, como embaixador dos Estados Unidos. 

A fotografia acima foi tirada por ocasião de um evento realizado na Associação dos Professores do Amapá-APA, e mostra o casal Luiz Mendes da Silva e sua esposa Inah Silva. A primeira dama conversa com uma integrante de um grupo de estudantes que mostrou a dança do marabaixo.
Notabilizou-se em 1960, ao ajudar a desenvolver a “Aliança Para o Progresso”, um programa estadunidense de assistência América Latina. Sua ação nos bastidores da política nacional foi fundamental em termos de apoio as articulações da oposição ao presidente João Goulart. Em 1962, no Salão Oval da Casa Branca, em Washington, Gordon e o presidente John Kennedy discutiram o gasto de 8 milhões de dólares para intervir nas eleições brasileiras e preparar o terreno para um golpe militar contra Jango Goulart e mantê-lo fora do Brasil devido sua tendência socialista.
A 10 de abril de 1962, o presidente João Goulart viajou aos Estados Unidos da América do Norte para avistar-se com o presidente John Kennedy. Na pauta das conversações a busca de soluções de sérios problemas econômicos entre Brasil e EUA. Ao retornar ao Brasil, João Goulart lançou o Plano de Reforma de Bases 
 Lincoln Gordon montou um esquema de dotações financeiras aos candidatos da oposição, usando como intermediários empresários e entidades. Em março de 1963, o governo americano impôs ao Brasil, condições vexatórias para conceder-lhe financiamento de 84 milhões de dólares e mais 314,5 milhões para o ano fiscal de 1964. Lincoln Gordon acompanhou de perto a conspiração de militares, políticos e empresários contra o presidente João Goulart. Nesta fase que antecedeu o golpe militar, o general Luiz Mendes da Silva,que exercia suas atividades sob o comando do general Humberto de Alencar Castelo Branco conviveu intensamente com o embaixador norte-americano e se tornou seu amigo.

Lincoln Gordon em sua residência nos Estados Unidos da América do Norte quando já estava aposentado. Depois de deixar o Brasil ele presidiu a Universidade Johns Hopkins, entre 1967 e 1971. Nascido em Nova Iorque, a 10 de setembro de 1913, faleceu em Mitchellville, Maryland, no dia 19 de dezembro de 2009, aos 96 anos de idade.
 Com a eclosão da revolução e a indicação de Castelo Branco para ocupar o cargo de presidente da República dos Estados Unidos do Brasil, Luiz Mendes foi nomeado governador do Território Federal do Amapá. Partiu dele o convite para Lincoln Gordon vir a Macapá. O Professor Lincoln Gordon chegou ao ponto de solicitar que o governo americano desse ao general Humberto de Alencar Castelo Branco apoio logístico e até militar se necessário, para afastar do cargo de presidente do Brasil o senhor João Goulart. Se os militares que apoiavam Jango Goulart tivessem resistido ao golpe, o Brasil seria invadido pela poderosa "Frota do Caribe" que se encontrava em águas brasileiras próxima ao Rio de Janeiro. A frota dispunha de 100 toneladas de armas leves e munições, navios petroleiros com capacidade para 130 mil barris de combustíveis, uma esquadrilha de aviões de caça, um navio de transporte de helicópteros com a carga de 50 aparelhos com tripulação e armamento completo, um porta-aviões classe Forrestal,seis destroieres, um encouraçado, além de um navio de transporte de tropas, e 25 aviões C 135 para transporte bélico. O deputado federal João de Medeiros Calmon Nascimento, que era ferrenho opositor de João Goulart, não poderia ficar fora do reencontro de alguns dos articuladores do golpe que implantou um regime de exceção no Brasil.