O maior segredo do III Reich
O círculo do poder: Josef Goebbels, ministro da Propaganda, Eva, Hans Haupner, arquiteto do edifício nazista "Ninho da Águia", Albert Speer, arquiteto e ministro de Armamentos, e uma amiga não identificada |
"Hitler e outros líderes nazistas não queriam mulheres opinantes por perto. Era um tabu absoluto falar sobre o tratamento dado aos judeus", diz o historiador Ian Kershaw, da Universidade de Sheffield, Inglaterra. Henriette von Schirach, filha do fotógrafo Heinrich Hoffmann, foi expulsa do Berghof quando questionou Hitler sobre o tratamento dispensado aos judeus. "Um protesto nunca passaria pela cabeça de Eva. Até porque, submetida ao anti-semitismo incansável de Hitler e de outros líderes, ela sem dúvida acreditava nele", afirma Kershaw. Para Angela Lambert, Eva não era anti-semita, apenas ignorava a política levada a cabo pelo estadista com quem dividia os lençóis. "Ela viveu o lado brando do nazismo, das festas, dos jantares, estava entre os 'eleitos'. A obsessão pelo Führer marcava tais personagens, por isso é difícil esperar deles uma ação mais humanitária", afirma a historiadora Ana Maria Dietrich, professora da Universidade Federal de Viçosa (MG). "Não acredito que ela teria conseguido mudar a história", diz. "Talvez ela tenha usado a negação para enxergar o ser amado de maneira idealizada, focando-se nos esportes e na moda para se distrair", diz Anita Clayton, professora de psiquiatria da Universidade da Virgínia (EUA).
Com os anos, a relação de Eva e Hitler foi amadurecendo. Segundo Traudl Junge, secretária do Führer, ele se preocupava quando ela estava fora do Berghof. "Se houvesse alguma notícia de ataque aéreo a Munique, ficava impaciente como um leão na jaula, esperando um telefonema de Eva", relatou Junge. Em junho de 1944, a irmã de Eva, Gretl, se casou com Hermann Fegelein, oficial da força de combate Waffen-SS. Para Fegelein, tornar-se cunhado da amante do Führer traria status dentro do círculo nazista. Para Gretl, que estava com quase 30 anos, Fegelein era um bom partido. E Eva poderia aparecer um pouco mais, mesmo que fosse como cunhada de um oficial nazista.
Desses anos passados no retiro de Hitler, sobraram horas de filmes e centenas de fotos. A reportagem de Galileu assistiu a 3 DVDs com esse material. Nas imagens, se vêem belas paisagens, crianças brincando e reuniões festivas. Eva aparece se exercitando, correndo e rindo. Uma madame alienada se exibindo? De certa forma, sim. Em uma análise mais profunda, porém, podemos imaginar que ela tentava desesperadamente chamar a atenção e eternizar sua juventude, que se esvaía em dias solitários à espera de Hitler. Mas não deixa de ser desconfortável observar o ambiente luxuoso no qual vivia em plena época de privações para a população.
A ALA FEMININA DO REICH As outras mulheres do regime nazista |
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Da aviadora Hanna Reitsch à dona-de-casa exemplar Magda Goebbels, passando
por artistas e as cruéis guardas dos campos de concentração, o poder e o
magnetismo de Hitler atraíam a devoção das mais diferentes mulheres. Muitas não
foram diretamente responsáveis pelas atrocidades cometidas pelo regime nazista
contra judeus, ciganos, homossexuais e deficientes. Mas, mesmo que
indiretamente, todas as mulheres dessa galeria colaboraram com o regime nazista.
Porém nem todas sucumbiam ao carisma do ditador. Uma das mais famosas opositoras
do regime, a atriz Marlene Dietrich nunca aceitou os convites de Josef Goebbels
para que participasse de filmes produzidos com apoio do Ministério da
Propaganda. "Quando Hitler subiu ao poder, fui forçada a mudar minha
nacionalidade", disse Dietrich, que se naturalizou americana e cantou para os
soldados das tropas aliadas durante a guerra. |
Aviadora, primeira mulher piloto de testes do mundo. Quando Hitler a convocou ao bunker com o tenente Ritter von Greim, Hanna pilotou sob fogo cerrado do inimigo e pousou o avião em segurança. Esposa de Karl Koch, comandante do campo de Buchenwald, gostava de açoitar os prisioneiros. Diz-se que colecionava abajures feitos da pele tatuada de presos assassinados e crânios humanos encolhidos. Guarda do campo de Auschwitz, responsável por 30 mil presas. Torturava as prisioneiras e incitava seus cães famintos a as atacarem. Foi condenada e executada em dezembro de 1945. Produziu filmes para o governo nazista entre 1933 e 1945. Entre eles está o polêmico "O Triunfo da Vontade", sobre o comício de 1934 do partido em Nuremberg. Morreu em 2003, aos 100 anos. Membro da SS. Sádica e apaixonada por música clássica, formou uma orquestra feminina em Auschwitz, que era obrigada a tocar sempre que novas prisioneiras eram enviadas para a câmara de gás. Secretária de Hitler por três anos. Seu livro "Até o Fim" foi uma das inspirações para o roteiro de "A Queda!". Sentia remorso por ter trabalhado para o ditador. Morreu em 2002, aos 81 anos. Nora do compositor Richard Wagner e amiga do Führer. Organizava o Festival de Bayreuth, dedicado à obra de Wagner - ídolo de Hitler - e bancado pelo Partido Nazista por alguns anos. Cantora e atriz nascida na Suécia, foi a artista mais bem paga da Alemanha nazista. Atuou em filmes sob a tutela do Ministério da Propaganda. Dizia-se apolítica, mas era a "diva do III Reich". fonte:http://revistagalileu.globo.com/Revista/Galileu/0,,EDG78263-7855-193-5,00-O+MAIOR+SEGREDO+DO+III+REICH.html |
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